[PT.] Escândalo de espionagem afetará relações entre Alemanha e EUA?

As histórias de espionagem estão perturbando as relações entre a Alemanha e os Estados Unidos.

Na corrente semana a Alemanha expulsou o representante dos serviços secretos norte-americanos na embaixada dos EUA em Berlim. As autoridades alemãs tomaram essa decisão depois da descoberta de logo dois agentes estadunidenses nas estruturas de segurança da Alemanha. A situação é agravada pelo escândalo ocorrido no ano passado à volta das atividades da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA em território alemão.
A descoberta de logo dois espiões norte-americanos na Alemanha não podia ficar sem consequências. Um deles era funcionário do Ministério da Defesa da Alemanha e o outro trabalhava dos serviços secretos alemães. Ambos forneciam aos EUA documentos secretos a pedido dos serviços estadunidenses.
As dimensões dos danos que a atividade dos agentes duplos provocou à segurança e aos habitantes da Alemanha serão avaliadas por um comitê especial criado pelo Bundestag (parlamento). Mas já é evidente que essas histórias prejudicaram as relações de confiança que existiam entre Berlim e Washington.
A chanceler Angela Merkel ordenou que a colaboração entre os serviços secretos dos dois países fosse reduzida ao mínimo. Uma reação tão dura não se tinha verificado sequer no ano passado, quando o ex-colaborador da NSA Edward Snowden divulgou a informação de os serviços secretos norte-americanos vigiarem cidadãos de todo o mundo, escutando inclusive o telefone da própria Angela Merkel.
Nessa altura as autoridades dos EUA foram obrigadas a apresentar desculpas e a se justificarem. Mas isso não fez cessar suas atividades de espionagem na Alemanha, seu principal aliado na Europa, refere Roman Romachev, diretor da agência russa de tecnologias de inteligência R-Techno:
“Os próprios serviços secretos alemães, o BND, foram criados sob orientação da CIA, e durante muitos anos CIA orientou o funcionamento dos serviços secretos alemães. Por isso não é de admirar que na Alemanha sejam descobertos espiões norte-americanos. Além disso, neste momento na Alemanha há uma grande quantidade de bases militares alemãs. Por isso os norte-americanos tentam por todos os meios manter o controle sobre a Alemanha.”
A Casa Branca não comenta esta história de forma nenhuma, apenas sublinha a necessidade de continuar sua grande cooperação com a Alemanha “a todos os níveis”. Já na imprensa estadunidense predomina a opinião que os norte-americanos deviam vigiar a Alemanha, porque isso ajuda a garantir os interesses dos EUA. Alegadamente Berlim, que mantém relações de parceria com Moscou, não pode ter a confiança de Washington.
O presidente da Rússia Vladimir Putin, ao responder aos jornalistas, classificou a ciberespionagem contra líderes de países aliados não apenas como uma hipocrisia descarada, mas também um atentado direto à soberania nacional.
O próprio presidente russo teve de enfrentar ele próprio a falta de escrúpulos morais dos representantes do Ocidente. É conhecido o caso em que o atual secretário-geral da OTAN Anders Fogh Rasmussen, quando ainda era primeiro-ministro da Dinamarca, solicitou a Vladimir Putin uma reunião pessoal, que depois gravou em segredo e publicou na imprensa. Segundo referiu Putin, “que confiança pode haver depois de incidentes como este?”
Mas se em alguns casos se é obrigado confiar na honestidade dos parceiros, naqueles em que for possível se deve seguir regras de segurança extremamente apertadas, sublinha o diretor da agência russa de tecnologias de inteligência R-Techno Roman Romachev:
“O presidente da Rússia possui determinadas tecnologias que lhe permitem comunicar sem ser escutado. Quanto à Alemanha, todos sabem que a chanceler Angela Merkel usa ativamente um celular normal. Por isso teve lugar o grande escândalo sobre as escutas ao seu telefone. Os políticos alemães não estão agindo muito corretamente em questões de segurança tecnológica”, considera o perito.
Num contexto de escândalos de espionagem na Alemanha, o presidente da Rússia Vladimir Putin anunciou a disponibilidade de Moscou em participar no desenvolvimento de um sistema internacional de segurança da informação.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_07_12/Escandalo-de-espionagem-afetara-relacoes-entre-Alemanha-e-EUA-0717/

Роман В. Ромачев